Possui muro original oitocentista e adro recoberto de cantaria. A portada, única, com quina chanfrada e sobreverga e verga em arco abatido, possui ainda portão de ferro e porta de duas folhas. Seguindo o programa de muitas igrejas reformadas e/ou reconstruídas no século XIX, mas observando os parâmetros do partido arquitetônico colonial, possui três janelas na altura do coro, com chaveta central, terminadas em arco abatido (e com sobrevergas feitas em argamassa acrescentadas possivelmente na reforma de 1913). O frontão é triangular, com óculo no tímpano e sem elementos ornamentais. Há uma portada lateral na altura da torre - com sobreverga e verga em arco abatido e uma janela também no segundo pavimento - esta sem aduela central. A torre, com campanário único e chanfrada nas esquinas, foi concluída posteriormente ao conjunto do frontispício, possuindo zimbório, grimpa em cruz e outros elementos ornamentais inspirados no ecletismo. A nave lateral esquerda, que acrescentou uma volumetria extra à fachada do templo, também foi construída posteriormente, e possui fenestras em argamassa que observam o estilo colonial do monumento. Fonte IPHAN: A importância de São Jorge na mitologia carioca indispensável a quem se proponha conhecer os centros de referência religiosa mais representativos da cidade. O orago dessa igreja, ereta em 1790 na esquina da Rua da Alfandega com a Praça da República, era São Gonçalo Garcia, um religioso leigo espanhol que sofreu o martírio no Japão, em 1597, e já estava canonizado em 1627. Sua iconografia é a de um jovem trespassado por duas lanças com a ponta da orelha esquerda cortada e assim está ele representado em um dos nichos do altar-mor. Sessenta anos depois de construída essa igreja, em 1850, não muito longe dali, na esquina das atuais ruas Gonçalves Ledo e Luis de Camões, a já antiga Irmandade de São Jorge dos Ferrei-ros, existente desde 1741, via-se às voltas com a manutenção de sua igreja, que ameaçava ruir, e pediu abrigo na de São Gonçalo Garcia. A convivência agradou a ambas as partes e logo era fun-dada a Venerável Confraria dos Gloriosos Mártires São Gonçalo Garcia e São Jorge, com o que mudou-se definitivamente a antiga irmandade, tendo sua primitiva igreja sido demolida em 1855. A chegada do poderoso São Jorge à igreja eclipsou totalmente a devoção ao jovem mártir espanhol. É que São Jorge é dos santos mais populares da Igreja Católica e sua aura de guerreiro é confirmada por uma devoção de intensa fé, sob as mais diversas culturas e classes sociais. Desde a Idade Média, foi incluído em uma exclusivíssima lista dos quinze santos ditos "auxiliares", a quem a igreja recomendava recorrer, por serem especialmente milagro-sos. Foi o protetor a quem se recomendavam os Cruzados e transformou-se em patrono da tradicional Inglaterra. Em Portugal, nos séculos XVI e XVII a ele invocavam as mães que tinham filhos travessos e que pagavam promessa, ao serem atendidas, enviando aveia e alfafa à sua igreja, para alimentação do cavalo. No Rio de Janeiro, é um totem das classes populares e sua efígie está por toda a parte. Os cronistas e historiadores que narram as procissões coloniais fazem menção à participação de São Jorge na do Corpo de Deus em que, sob aplausos, a mesma imagem que hoje vemos em sua igreja saía à ruas montada em um cavalo de verdade, ricamente enfeitado e acompanhado pelo "Estado", um séquito de cavaleiros em belos trajes de guerra. A música popular canta seu nome, mas os intelectuais não o esquecem e sua alegoria desfila pelas telas na luta contra o dragão da malda-de. Sem falar dos desdobramentos no sincretismo religioso, pois também lhe deram outros nomes menos canônicos e o epíteto de Vencedor de Demandas.