(PRECISA SER REVISADO) No centro do Rio de Janeiro, na esquina da rua a quem a Padroeira empresta o nome com a Avenida Antônio Carlos, está erigida a Igreja de Santa Luzia. Isolada dos outros prédios, como se estivesse em uma praça, ela relembra o passado glorioso de veneração à Virgem Mártir de Siracusa (Padroeira da visão), no Rio de Janeiro. A Igreja, edificada em estilo barroco colonial tardio, apresenta estrutura singela, tendo o frontispício acessado por quatro longos degraus. Histórico: A origem da Igreja da Virgem Mártir de Siracusa, Santa Luzia, remonta a 1519. Quando Fernão de Magalhães, ao velejar para as índias, sofreu um desvio de sua rota e tocou na Baía da Guanabara, aportando na praia que tomou o nome de Santa Luzia, justamente no dia da Santa, 13 de dezembro. Aqui a frota permaneceu por 13 dias, sendo improvisada pequena Capela onde foi realizada missa no dia seguinte, um domingo. Consta que um tripulante agradecido pela travessia, deixou na Capelinha uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, tornando-se seu primeiro orago. A cidade do Rio de Janeiro teve seus primórdios nas fraldas do então morro Cara de Cão, na Urca. O Governador Geral da época, Mem de Sá, acossado pelos franceses e pelos índios Tamoios, mandara vir de Portugal seu vigoroso sobrinho Estácio de Sá. Este, devoto de Santa Luzia, trouxe consigo uma imagem da Virgem, colocando-a na pequena Ermida existente no arraial. Os franceses, que estavam na Baía de Guanabara e que conquistaram a amizade dos índios Tamoios, de pronto organizaram um ataque feroz ao pequeno arraial português, que teria sucumbido, não fosse o heroísmo de Estácio de Sá, sacrificando sua própria vida, e a ajuda dos jesuítas e índios Guaranis, chefiados por Araribóia, na batalha de Birauaçú, em 1567. Diante da precariedade do arraial, ele foi transferido para local mais seguro, sendo escolhido o Morro do Descanso (depois Morro do Castelo), junto à praia de Santa Luzia. Em 1559, a Capelinha primitiva foi transformada em Ermida, com alicerce e estrutura de pedra. Por essa época, chegaram de Pernambuco os frades capuchinhos, que tomaram o nome de “Barbonos (devido as longas barbas), assumindo logo a Ermida de Nossa Senhora dos Navegantes, conhecida como Capela da Praia de Santa Luzia. Os frades fizeram o translado da imagem trazida por Estácio de Sá para a nova Ermida. A posse oficial do templo aos frades “barbonos” demorou muito, só foi aprovada pela Câmara em fevereiro de 1592, graças aos bons ofícios do Governador Salvador Corrêa de Sá. Na mesma data, ocorreu também a fundação da Irmandade de Santa Luzia, e a pequena Ermida foi transformada em Capela Igreja. Atormentados pelos frequentes assaltos dos corsários franceses, os frades decidiram se mudar para a Ermida do Convento da Ajuda, ficando a Ermida para culto exclusivo de Nossa Senhora dos Navegantes e Santa Luzia. Os primeiros padres franciscanos chegaram da Bahia, Frei Antônio dos Mártires e Frei Antônio das Chagas e se alojaram na capela com o apoio da Irmandade, aí permanecendo por 15 anos, quando saíram para o Morro de Santo Antônio. Em meados do século XVIII, os benfeitores João Pereira Cabral e sua esposa, D. Antônia da Cruz, doaram o terreno, em local próximo dali, para a construção de uma nova Igreja, já que a primitiva se encontrava em ruínas. Por provisão episcopal do Frei Antônio do Desterro, foi sancionada a escritura em 31 de dezembro de 1751. Em 12 de janeiro de 1752, foram iniciadas grandes obras na Igreja, sendo construída uma torre campanário, três altares e uma única porta, com projeto de Antônio de Pádua e Castro. O local era caminho para o matadouro de gado, a instalação da forca, por isso chamado de “O caminho da forca”. Meio século depois, chega ao Brasil o Príncipe Regente D. João. Ele havia feito uma promessa de ir com toda a família à Igreja da Virgem em reconhecimento à cura de seu neto, D. Sebastião, que tinha problema de visão. Proclamado Rei, fez abrir um novo caminho para a Igreja. Por este motivo, uma tribuna na capela-mor era destinada à família real. De 1872 a 1884, a Igreja foi ampliada, construindo-se duas torres e três portas, sendo o altar refeito em madeira talhada e dourada, apresentando o belo aspecto que tem hoje. O templo não é uma Igreja Matriz, mas constitui uma das mais importantes Igrejas Históricas do Rio. Está ligada à Paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé. Tem capacidade para 80 fiéis sentados. Fonte: Templos Católicos do Rio de Janeiro, Orlindo José de Carvalho – Manual, 2009 Número do Processo: 12-T-1938 Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 180, de 16/07/1938