Igreja da Ordem Terceira do Carmo

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Em 1648, um grupo de irmãos terceiros portugueses instalaram a Ordem Terceira do Carmo no Rio de Janeiro. Inicialmente, o culto se deu numa capela particular dentro dos muros do convento, dedicada à Paixão de Cristo. Com o desenvolvimento da cidade e do sodalício, uma igreja própria seria edificada no terreno vizinho. Contratada a partir de 1755 junto ao mestre de obras lusitano Manuel Alves Setúbal (?-1782), a obra foi morosa, muito em função do embate com os frades da ordem primeira, com a Câmara e o empenho de dívidas. A terminação das torres, por exemplo, só se deu em 1850, com zimbório bulboso, balaustrada e pináculos, mixando o gosto do século XIX com outras referências coloniais. A portada principal, com entrada única, foi executada em pedra de lioz em Lisboa e colocada em 1761. Apoiada por mísulas, uma chaveta central e dois delicados arranjos de flores, a sobreverga tem a forma de um frontão quebrado que, com volutas e coruchéis nas laterais, termina em linhas sinuosas com a extremidade apontada. No tímpano, há uma cartela com o relevo da entrega do escapulário, da Virgem para São Simão Stock. No segundo andar, a três janelas abertas do coro (fato que ditou tendência nas igrejas a partir de então) possuem delicadas molduras com angras e sobrevergas, em formato triangular nas laterais e sinuoso com aresta pontuda ao centro. Duas pilastras colossais de seção dupla e capitel compósito geometrizado complementam o pórtico, alcançando o entablamento. Há outras seções retangulares nas torres e ao lado da portada, mas sem elementos ornamentais. Tal aspecto pode ter sido reflexo da demasiada demora na conclusão das obras, faltando recursos e mesmo sentido estético para que se fizessem estes preenchimentos. O frontão, de acabamento refinado, possui um relógio na tarja central do tímpano, emoldurado em volutas e concheados. Suas cornijas também fazem um movimento sinuoso até o arremate apontado na parte superior, de onde se eleva uma peanha para a cruz, colocada em segundo plano. As fenestras das torres, com campanário simples, arco pleno e sobreverga de arco abatido, ratificam o gosto do século XIX empregado na época da conclusão do conjunto. O acabamento do complexo coloca esta igreja em consonância com alguns templos lisboetas pombalinos (de estilo Barroco tardio), reedificados após o terremoto de 1755, como em Santo Antônio de Lisboa e São José dos Carpinteiros. No interior, de nave única, a talha foi contratada junto ao entalhador português Luís da Fonseca Rosa (1700-?), que também era irmão terceiro e provável mestre de Valentim da Fonseca e Silva (1745-1813). Com sete retábulos (incluindo o maior), a cobertura das paredes foi completada em duas épocas no século XIX, observando o gosto rococó das partes originais, mas sufocando o exuberante conjunto com ornatos suplementares, com participação decisiva do escultor e ex- aluno da Academia Imperial de Belas Artes Antônio de Pádua e Castro (1804- 1881).